Introdução

O mosquito Aedes aegypti, espécie tropical e subtropical originário da África, é um dos principais vetores de doenças que se constitui um grande problema de saúde pública, já que sua distribuição se expande muito rápido. As fêmeas infectadas, além de provocarem grande desconforto ao hospedeiro devido à picada, podem transmitir vários patógenos ao homem e a outros animais, principalmente viroses como a dengue, a febre amarela (Forattini, 2002) e a febre Chikungunya que vem se espalhando por toda a Ásia, África e partes da Europa nos últimos tempos (Enserink, 2008). Estudos realizados em uma maternidade na ilha de La Réunion (França), mostram que a transmissão do vírus Chikungunya muitas vezes leva a infecção neonatal grave e deve ser levado em conta pelos médicos e autoridades de saúde pública em caso de surtos (Gérardin et al., 2008). O vírus da dengue é um arbovírus da família Flaviviridae, gênero Flavivírus, que inclui quatro tipos imunológicos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. O vírus é causador da doença dengue, que pode se apresentar com os seguintes quadros clínicos: dengue clássica, assintomática, hemorrágica, dengue com complicações e síndrome do choque da dengue. As dificuldades para o controle de insetos vetores se intensificam com o aumento da população urbana desordenada, pneus e vasos de cemitérios acumulando água, depósitos de ferro velho a céu aberto retendo água de chuva, terrenos baldios não cuidados, caixas d’água descobertas, coleta de lixo deficiente e saneamento básico inadequado (Tauil, 2002). Com isso, sabe-se que métodos convencionais para o controle de A. aegypti não estão conseguindo prevenir as epidemias de dengue e novas alternativas são urgentemente necessárias. O ciclo de vida do mosquito A. aegypti, principal vetor da dengue, passa por uma metamorfose completa compreendendo as seguintes fases: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são colocados na superfície interna da parede dos criadouros, preferencialmente, em locais úmidos e superfícies rugosas. Qualquer lugar que possa acumular água, tanto em ambiente natural quanto doméstico, são potenciais criadouros (Donalísio & Glasser, 2002; Forattini, 2002). O número de ovos por postura depende da quantidade de sangue ingerido durante o repasto, mas estudos mostram que uma fêmea produz em média 120 ovos que são depositados em mais de um criadouro (Forattini, 2002). A eclosão das larvas ocorre assim que completam o seu desenvolvimento embrionário, entre 2 a 3 dias (Consoli et al., 1998; Marcondes, 2001). A resistência dos ovos em ambientes secos pode se prolongar por mais de um ano. Nessas condições, o embrião entra em uma fase de dormência, conhecida como quiescência ou diapausa. A eclosão das larvas é suspensa temporariamente diante de condições ambientais adversas, possibilitando a manutenção e sobrevivência das populações em locais com grandes períodos de seca (Consoli et al.,1998; Clements, 2000; Vianna, 2001; Becker et al., 2003). Após os 4 estágios larvais, em um período entre 4 a 7 dias, os mosquitos entram na fase de pupa. A fase de pupa é fortemente regulada por hormônios e sofre pouca influência das variações ambientais de temperatura e/ou fotoperíodo, durando de 2 a 3 dias (Clements, 2000). Os mosquitos adultos são alados e colonizam o ambiente terrestre (Clements, 2000). Estudos recentes têm mostrado a eficiência de armadilhas para o monitoramento do mosquito A. aegypti, podendo ser usadas para as fases de ovos, larvas e adultos (Gomes et al. 2008).

Métodos

A armadilha desenvolvida no presente trabalho teve por base a metodologia proposta por Cabral e Liberto (2016). O trabalho foi desenvolvido com os alunos do 7º ano A do Colégio Estadual Dr. Willie Davids – Londrina, PR. Foi utilizada uma garrafa pet de 2 litros, na qual o anel do lacre foi removido com cautela para não o danificar, pois seria utilizado em etapa posterior. A garrafa foi então separada em duas partes com auxílio de tesoura sem ponta. Uma das partes foi utilizada como copo e a outra como funil. A face interna do funil foi lixada até se tornar fosca e áspera. Na sequência, um pedaço de micro-tuli (5 x 5 cm) foi utilizado para recobrir a boca da garrafa fazendo uso do lacre como presilha. Em seguida, a tampa da garrafa foi encaixada com a boca para baixo dentro da base (copo), e selada com fita isolante nas laterais. Após esta etapa adicionou-se a água até meio nível da base, e em seguida acrescentou-se o alimento (alpiste). As armadilhas foram acondicionadas nas salas de aula, sanitários e biblioteca do colégio estadual Dr. Willie Davids – Londrina, PR. O experimento foi conduzido ao logo de 28 dias, tomando-se os cuidados com a manutenção da armadilha (reposição de água), bem como, monitorando o surgimento de larvas, para posterior análise em microscópio. A diferenciação das larvas (aedes aegypt e aedes albopictus) se deu com o uso de microscópico ótico (ampliado 4 e 10 vezes), por meio do qual foi possível analisar o formato do sifão das larvas, bem como sua movimentação serpenteada fazendo um 5 e sua fotofobia.

Dados

Armadilha sustentável para Aedes Aegypti


Temas

Cadeia Alimentar

Início do Projeto

02/2021 - 03/2021

Palavras-chave

armadilha, mosquito da Dengue, Aedes aegypti, sustentabilidade

Equipe Ciêntifica

Aline Fernandes Gobbo (Coordenador da Equipe)
Rodolfo Ricken do Nascimento (Professor Colaborador)
Jenifer Conceição (Aluno Capitão)
Calebe de Oliveira Ferreira (Aluno)

Escola

Colégio estadual willie doutor davids, Londrina-PR

Resumo

O mosquito Aedes aegypti, espécie tropical e subtropical originário da África, é um dos principais vetores de doenças que se constitui um grande problema de saúde pública, já que sua distribuição se expande muito rápido. As fêmeas infectadas, além de provocarem grande desconforto ao hospedeiro devido à picada, podem transmitir vários patógenos ao homem e a outros animais, principalmente viroses como a dengue, a febre amarela e a febre Chikungunya que vem se espalhando por toda a Ásia, África e partes da Europa nos últimos tempos. As dificuldades para o controle de insetos vetores se intensificam com o aumento da população urbana desordenada, pneus e vasos de cemitérios acumulando água, depósitos de ferro velho a céu aberto retendo água de chuva, terrenos baldios não cuidados, caixas d’água descobertas, coleta de lixo deficiente e saneamento básico inadequado. Estudos recentes têm mostrado a eficiência de armadilhas para o monitoramento do mosquito A. aegypti, podendo ser usadas para as fases de ovos, larvas e adultos. Com base nisso o presente trabalho teve por objetivo elaborar uma armadilha alternativa, de baixo custo, fácil produção e manutenção, e de eficácia comprovada no controle vetorial de pragas como o mosquito da dengue e o pernilongo comum. A armadilha foi confeccionada pela utilização de garrafa PET, alpiste, micro-tuli, fita isolante e água da torneira. Essas armadilhas foram dispostas em vários ambientes do colégio estadual Dr. Willie Davids, na cidade de Londrina – PR. A diferenciação das larvas deu-se com auxílio de microscópio. Os resultados demonstraram a eficácia da armadilha em capturar o Aedes aegypti desde seu estado larval, até após a metamorfose, impossibilitando sua proliferação no meio ambiente, reduzindo os transtornos causados por essa praga.

Resultados

Após 21 dias de experimento foi possível observar o surgimento de larvas. Apenas uma armadilha apresentou resultado positivo para larvas de mosquito da dengue. Nessa armadilha, observou-se o surgimento de 17 larvas de aedes aegypt. Nas demais armadilhas observou-se o surgimento de larvas de pernilongo comum (aedes albopictus). A eficácia da armadilha foi observada pela incapacidade das larvas e dos mosquitos em atravessarem o micro-tuli.

Discussão dos Resultados

Por se tratar de um ambiente úmido e propício para o desenvolvimento dos filhotes, as fêmeas põem seus ovos na parede do funil. Após a eclosão dos ovos, as larvas descem em direção à água, onde graças à presença do alpiste, o meio já se encontra rico em nutrientes e microrganismos, que são a principal fonte de energia para as larvas. Porém, após se alimentarem e consequentemente crescerem, as larvas não conseguem mais atravessar o micro-tuli de volta ao ar livre. Após a fase de metamorfose, os pernilongos, que além de não conseguirem atravessar o micro-tuli, ficam presos próximo à água, sem alimento e consequentemente, acabam vindo a óbito.

Conclusões

A armadilha desenvolvida no presente trabalho, apresenta-se como uma alternativa, simples, sustentável e barata para o controle vetorial de pragas como o mosquito da dengue, bem como com a proliferação de mosquitos comuns não transmissores de doenças, porém capazes de gerar transtorno aos seres humanos.

Referências

Becker, N. (2003) Ice granules containing endotoxins of microbial control agents for the control of mosquito larvae – a new application technique. Journal of the American Mosquito Control Association, 19: 63-66. Cabral, M.; Liberto, M. I.; Armadilha letal para mosquitos, temperada com atitude de civilidade. UFRJ. 2016. Clements, A. N. (2000) The biology of Mosquitoes, Development, Nutrition and Reproduction. London: CABI Publishing. Consoli, R. A. G. B., Oliveira R. L. (1998) Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Fiocruz, Reimpressão. 225p. Donalísio, M.R. Glasser, C. M. (2002) Vigilância entomológica e controle de vetores da Dengue. Rev. Bras. Epidemiol. 5 (3): 259 .72. Enserink M. (2008) Entomology. A mosquito goes global. Science 320: 864–866. Forattini, O. P.(2002) Culicidologia médica. Sªo Paulo: Edusp. 2, 864 p. Gérardin, P., Barau, G., Michault A., Bintner, M., Randrianaivo,H., Choker,G., Lenglet, Y., Touret, Y., Bouveret, A., Grivard, P., Roux, K.L., Blanc, S., Schuffenecker, I., Couderc, T., Arenzana-Seisdedos, F., Lecuit, M., Pierre-Yves Robillard, P.Y (2008) Multidisciplinary Prospective Study of Mother-to-Child Chikungunya Virus Infections on the Island of La Réunion. PLoS Med 5(3): e 60. doi:10.1371/journal.pmed.0050060 Gomes, A. C., Silva, N. N., Bernal, R. T. I. (2008) Estimação da infestação predial por Aedes aegypti (Díptera: Culicidae) por meio da armadilha Adultrap. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 17: 293-300. Marcondes, C.B. (2001) Entomologia médica. Rio de Janeiro, Atheneu, 432 p. Tauil, P. L. (2002) Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Caderno de Saúde Pública. 18 (3): 867-871. Vianna, M. S. R. (2001) A transmissão urbana da febre amarela e dengue. Saúde Rio. Rio de Janeiro. 5p.

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