Introdução

Ao falar em botânica, área que pesquisa as plantas, a maioria das pessoas não fazem ideia de como a vida humana se desenvolve ao redor desses organismos. Isso revela que existe uma cegueira botânica no cotidiano. Fato preocupante, visto aos acontecimentos atuais que afetam meio ambiente; como queimadas, desmatamentos, alteração da biodiversidade nativa com a introdução e invasão de espécies exóticas em nossa flora. Como no ambiente em que se encontram espécies carnívoras brasileiras, campos rupestres. Os fogos são frequentes em campos rupestres, mas a espécie Drosera spp recupera-se rapidamente por meio de um novo crescimento, que brota caules e raízes persistentes (ELLISON; ADAMEC, 2018) Nesse cenário ambiental atual, um grupo pouco difundido, mas de forma indireta, muito admirado devido a aparição em desenhos e curiosidade, as plantas carnívoras vêm sofrendo com todas as alterações no meio atual .Pois o fascínio generalizado por plantas carnívora, a sua raridade, e sua ocorrência em únicos e frequentemente habitats fragmentados torna-os vulneráveis a caça furtiva, mudanças no uso da terra, e as alterações climáticas em curso (ELLISON; ADAMEC, 2018). Nos tempos modernos, pesquisa ecofisiológica de plantas carnívoras tem progredido consideravelmente na última década e elucidado a maioria das particularidades das plantas carnívoras (Darwin,1875) (ANBARSU, 2017). Como demonstrado no trabalho de Pré-Iniciação Científica realizado em 2020 (Plantas Carnívoras Nativas, Floricultura e Cegueira Botânica), apresentado na Feira de Ciência organizado pela empresa 3M (VII Mostra de Ciências e Tecnologia), o qual inicialmente teve por objetivo pesquisar somente as plantas carnívoras. Entretanto, demonstrou-se que, estas espécies de plantas sofrem com o que está sendo denominado nesse trabalho de cegueira botânica, e que estudos mais aprofundados sobre suas características eram poucos no Brasil. No último século e meio, tal como os investigadores têm definido e delimitado as plantas carnívoras, têm-se procurado compreender a sua evolução e explicar sua raridade. Os resultados obtidos pelos pesquisadores, lançaram uma nova luz sobre a evolução e funcionamento dos processos físicos e químicos, , alterações genéticas e evolução, e mecanismos responsáveis pela defesa química das plantas carnívoras (ELLISON; ADAMEC, 2018). 1.1 PLANTAS CARNÍVORAS As plantas carnívoras geralmente estão restritas a habitats ensolarados, úmidos e pobres em nutrientes, como pântanos (SIMMS, 2013) . Devido a característica dos habitats onde se encontram, o principal objetivo das plantas carnívora ao capturar animais para sua alimentação é absorver os aminoácidos das proteínas, suprindo assim as necessidades nutricionais. Essas plantas tendem a ser frugais com seus nutrientes, praticando uma reciclagem interna particularmente eficiente de nitrogênio e fósforo (BOTHE; DRAKE, 2007). 1.2 PLANTAS CARNÍVORAS E MEIO AMBIENTE Fisiologicamente as plantas carnívoras apresentam uma adaptação ao ambiente onde elas atraem suas vítimas por meio de cheiro, coloração e néctar (ADLASSNIG et al., (Lloyd,1942). Elas são capazes de prender e reter suas vítimas, matá-las e digerir seus tecidos moles e absorver parte de seu conteúdo (Juniper et al.,1989, Lloyd,1942). As espécie do gênero Sarracenia, família Serraceniacea, desenvolve folhas modificadas em forma de jarro como uma armadilha passiva. No entanto, apresenta um líquido com enzimas fosfatases, proteases e nucleases que fazem a digestão da presa e possibilita a absorção dos nutrientes(RAVEE; MOHD SALLEH; GOH, 2018) (Chang & Gallie, 1997). Algumas características dessas plantas é que são tolerantes a alagamentos, crescendo em habitats semelhantes a pântanos e turfeiras (ADLASSNIG et al., [s.d.]) (Schnell,1976). Espécies como a planta Genlisea que é encontrada em região alagada água ou solo com excesso de humidade (ANBARSU, 2017) são capazes de sobreviver a severos estresses hídricos (Dixon e Pate, 1978; Harshber ger, 1925, Lloyd, 1942) e até incêndios (Carl Quist, 1976; DeBuhr, 1976; Dixon e Pate, 1978; Roberts e Oosting, 1958). A família Lentibulariacea tem capacidade de habitar uma significativa variedade de habitats aquáticos e terrestres úmidos, apresentando características morfológicas diversas e de crescimento, como hidrófitas (aquáticas suspensas), terrícolas, helófitas (anfíbias), epífitas, reófitas e litófitas (GUEDES; MATIAS, 2020). Uma das grandes descobertas é que 18 das 48 variedades de plantas carnívoras testadas em um estudo foram afetadas por resíduos e pelo uso de fertilizantes e pesticidas. Os pesquisadores fizeram uso de: Cambaril, lambdacialotrina e malatião, três inseticidas amplamente utilizados nos Estados Unidos para o controle de pragas (JENNINGS; CONGELOSI; ROHR, 2012) ( KIELY et al.,2004). Entretanto, ao invés de usar inseticidas para combater alguns espécies de insetos que atacam plantações, plantas carnívoras conseguem reduzir a população de lepidópteros, moscas brancas, entre outros, os quais são atraídos para serem capturados, digeridos e absorvidos, suprindo a necessidade nutricional (POREMBSKI E BARTHLOTT,ANBARSU, 2017). ‘’Algumas formas de poluição, como os herbicidas, podem ser diretamente letais para as plantas carnívoras, enquanto outras (como fertilizantes) têm um efeito bastante indireto, ao degradar o meio ambiente e alterá-lo de forma benéfica para outras plantas’’, explicam os pesquisadores (“Plantas carnívoras devoradas por coleccionistas”, 2011). 1.3 CULTIVO E COMERCIALIZAÇÃO DE PLANTAS CARNÍVORAS No Brasil a comercialização de plantas carnívoras, em questão a espécies nativas, as exóticas destacam-se entre as comercializadas, por exemplo as espécies do gênero Drosera. Enquanto as espécies nativas são tão pouco conhecidas e cultivadas. . O mercado negro de plantas carnívoras exóticas é tão ativo que os botânicos precisam manter em segredo a localização de algumas espécies que são consideradas raras (“Plantas carnívoras, plantas asesinas”, 2018). 1.4 PLANTAS CARNÍVORAS NATIVAS DA FLORA BRASILEIRA O Brasil é o país que mais tem espécies carnívoras no mundo, mas ainda, poucas espécies foram catalogadas, sendo descritas as famílias Lentibulariaceae e Droseraceae, as quais foram catalogadas cerca de 100 espécies. Exemplos: da família Lentibulariaceae • Lentibulariaceae Rich: aquática, encontrada no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul; na Caatinga, Campos de Altitude. • Genlisea exhibitionista: encontrada no Nordeste (Bahia) – Campo Rupestre. • Genlisea flexuosa: encontrada no Sudeste (Minas Gerais) – em Campo Rupestre (“Flora do Brasil - Lentibulariaceae Rich.”, [s.d.]) Exemplos: família Droseraceae • Drosera amazônica: encontrada no Norte (Amazonas e Roraima) – em Campinarana. • Drosera chrysolepis: encontrada no Nordeste (Bahia) e Sudeste (Minas Gerais) – em Campo Rupestre e Restinga. • Drosera hirtella: encontrada no Norte (Tocantins); Nordeste (Bahia); Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso); Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) – em Campo Rupestre, Cerrado. A gênero Drosera é o mais diversificado, estando presente em antigas formações quartzíticas dos campos rupestres (pastagens tropicais) no centro-oeste do Brasil e no Escudo da Guiana no norte da América do Sul. Vinte e dois das trinta e duas espécies brasileiras ocorrem em campos rupestres (treze são endémicas a este tipo de vegetação), enquanto que apenas duas espécies (D. cayennensis e D. communis) ocorrem em ambas as regiões (ELLISON; ADAMEC, 2018). OBJETIVOS Objetivo Geral O objetivo geral deste projeto é a preservação e a valorização tanto das plantas carnívoras, quanto a flora nativa brasileira. Como também a tentativa de despertar a pessoas para a presença das plantas no dia a dia, demonstrando a importância desses organismos que constitui a base da cadeia alimentar e são fontes de fármacos. Objetivo Específico O estudo e aprofundamento sobre as plantas carnívoras, com a intenção de contribuir para preservação e difusão dos benefícios e serviços ambientais oferecidos pelas plantas carnívoras. 3. METODOLOGIA Para realização do presente trabalho será utilizado a seguinte metodologia: • Revisão bibliográfica em artigos científicos referentes a biologia das plantas carnívoras; • Elaboração e aplicação de dois formulários, usando o Google Forms para dois grupos: O primeiro formulário: alunos e comerciantes, disponível em shorturl.at/dfv78, e o segundo formulário para produtores e colecionadores disponível em shorturl.at/iouJ8. Com perguntas distintas, os resultados obtidos após as pesquisas iremos fazer um levantamento sobre as respostas dos diferentes grupos. Com certas situações: valorização das plantas (alunos e comerciantes) e cultivo de plantas carnívoras (produtores e colecionadores). Os questionários foram submetidos ao conselho de ética da escola, composto pela diretora, coordenadora geral e coordenadores de área para avaliação das questões e o mesmo foi aprovado sem ressaltas • Estatística dos dados obtidos na aplicação dos questionários • Utilização do Software Graphpad Prisma versão 9.1.2 para a construção dos gráficos.

Métodos

Dados

Plantas Carnívoras em busca da preservação e reconhecimento em meio a população brasileira.


Temas

Atividades STEM Brasil, Biosfera, Cadeia Alimentar

Início do Projeto

02/2021 - 03/2021

Palavras-chave

PLANTAS CARNÍVORAS, VALORIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO

Equipe Ciêntifica

Renato de Souza Mariano (Coordenador da Equipe)
Cleiton Silva Marques (Professor Colaborador)
Giovana Maria Assumpção (Aluno Capitão)

Escola

EE Prof Celso Henrique Tozzi, Jaguariuna-SP

Resumo

Plantas carnívoras despertam fascínio entre as pessoas, porém muitas não imaginam os grandes benefícios que essas trazem ao meio ambiente, na agricultura, ou até mesmo na saúde. São plantas encontradas em ambientes úmidos e iluminados, em solo com poucos nutrientes, sendo que algumas espécies podem se beneficiar até com incêndios (natural ou provocado) e utilizadas no controle de pragas na agricultura. No Brasil a descoberta de espécies de plantas carnívoras é recente, com poucas divulgações e informações sobre estas., Charles Darwin estudou as plantas carnívoras, e disso serviu como base para mais estudos, e com estas pesquisas descobriu-se a enorme variedade com as mais diversas características e informações sobre sua evolução. Os resultados desta pesquisa demonstra que plantas são pouco valorizadas, sendo preciso tomar medidas de preservação. Diante desse cenário, plantas carnívoras nativas também são pouco conhecidas, mesmo existindo diversas publicações com informações e benefícios destas plantas. O próximo passo da pesquisa envolverá experiências com as plantas carnívoras, mostrando seus benefício e importância em serem preservadas.

Resultados

RESULTADOS PARCIAIS Os resultados demonstrados a seguir são parciais e foram obtidos utilizando a aplicação de formulário – Google Forms, tendo um total de 100 participantes que não cultivam e vendem plantas carnívoras. Para verificar a existência da desvalorização das plantas, foi elaborado a seguinte pergunta: Você percebe à sua volta uma certa desvalorização sobre as plantas? Os dados obtidos e dispostos no gráfico 1, mostra a exsistência da desvalorização das plantas. sim não pouco muito enquanto para outros não é tão percebido. (Gráfico 1) Em relação ao conhecimento da existência de plantas carnívoras nativas - Você conhece ou já ouviu falar sobre alguma espécie brasileira de planta carnívora? Os valores obtidos são iguais diante deste tipo de assunto, mas poderia apresentar resultados diferentes. Um dos fatores que contribui diretamente para esse resultado sobre plantas carnívoras nativas é transformação do ambiente devido ao desmatamento e pouco interesse entre os indivíduos. (Gráfico 2). Para saber como a população pensa em relação a preservação das plantas, foi exposto a seguinta pergunta a população: Com relação a medidas de preservação - Que atitude você tomaria em relação a preservação de espécies nativas? Parte parte dos indivíduos tomariam boas atitudes em relação a preservação da nossa flora nativa. Desde campanhas, à também tentar mostrar a população nossa grande diversidade (gráfico 3).

Discussão dos Resultados

Conclusões

O dados obtidos, mostram que existe uma desvaloração das plantas. Uma questão preocupante em vista a grandes impactos que isso pode gerar futuramente, e também poucos indivíduos percebem isso em seu cotidiano. Em relação a conhecimento de espécies de plantas carnívoras brasileiras, têm-se valores similares a desvalorização das plantas. No entanto, por serem espécies nativas poderia despertar maior interesse na população, o que caracterizar falta de conhecimento, divulgação de informações referentes a esse grupo de plantas ou até mesmo, interesse das pessoas. Em vista das ações de preservação, a maioria dos participantes optaram por fazer campanhas para preservação, cultivos das espécies nativa uma grande biodiversidade em plantas sendo que o Brasil apresenta Hot Spots como a Mata Atlântica e Cerrado, áreas que concentram uma grande quantidade de espécies de planta endêmicas e tiveram grande parte do seu território degradado pela espécie humana (MYERS, 2000.). Esses resultados fomentam a discussão sobre a desvalorização das plantas, o que evidência a necessidade de ampla divulgação, enfatizando espécies e serviços ambientais prestado pelas plantas. Investimentos nessa área contribuirá para uma mudança na relação pessoas e plantas e aumentar o número de exemplares de espécies ameaçadas de extinção , e preservar o meio ambiente, o que diretamente beneficiará as espécies de plantas carnívoras nativas Brasil, as quais são frequentemente impactados. As principais ameaças a todas as espécies incluem a perda de habitat, espécies invasivas e hidrologia alterada. A distribuição completa e o estudo populacional da maioria das espécies do gênero Drosera são conhecidas de forma inadequada, o que limita sua representação em listas de espécies prioritárias em legislação de conservação relevante (ELLISON; ADAMEC, 2018). Essa questão impacta diretamente as nativas, uma vez que limita a divulgação de dados importantes sobre plantas carnívoras. O reconhecimento das plantas carnívoras é importante já que ela poderia trazer vários benefícios ao nosso meio ambiente, na agricultura, na saúde, entre outras áreas de estudo.

Referências

ADLASSNIG, W. et al. The roots of carnivorous plants. p. 14, [s.d.]. ANBARSU, M. Conceptual ideas of carnivorous plants to utilize in the field of agriculture. Journal of Hill Agriculture, v. 8, n. 3, p. 253, 2017. BOTHE, H.; DRAKE, H. Chapter 26 - Interactions among Organisms that Result in Enhanced Activities of N-Cycle Reactions. In: BOTHE, H.; FERGUSON, S. J.; NEWTON, W. E. (Eds.). . Biology of the Nitrogen Cycle. Amsterdam: Elsevier, 2007. p. 397–405. ELLISON, A.; ADAMEC, L. (EDS.). Carnivorous Plants. [s.l.] Oxford University Press, 2018. v. 1 GUEDES, F. M.; MATIAS, L. Q. Flora do Ceará, Brasil: Lentibulariaceae. Rodriguésia, v. 71, 25 nov. 2020. JENNINGS, D. E.; CONGELOSI, A. M.; ROHR, J. R. Insecticides reduce survival and the expression of traits associated with carnivory of carnivorous plants. Ecotoxicology, v. 21, n. 2, p. 569–575, mar. 2012. Hermann Bothe, Harold Drake; Chapter 26 - Interactions among Organisms that Result in Enhanced Activities of N-Cycle Reactions, Biology of the Nitrogen Cycle, Elsevier, 2007, Pages 397-405, ISBN 9780444528575, https://doi.org/10.1016/B978-044452857-5.50027. MYERS N, MITTERMEIER RA, MITTERMEIER CG, DA FONSECA GA, KENT J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature. 2000 Feb 24;403(6772):853-8. doi: 10.1038/35002501. Plantas carnívoras devoradas por coleccionistas. Disponível em: . Acesso em: 1 maio. 2021. Plantas carnívoras, plantas asesinas. Disponível em . Acesso em: 1 maio. 2021. RAVEE, R.; MOHD SALLEH, F. ‘IMADI; GOH, H.-H. Discovery of digestive enzymes in carnivorous plants with focus on proteases. PeerJ, v. 6, 5 jun. 2018. SIMMS, E. L. Plant–Animal Interactions. In: LEVIN, S. A. (Ed.). . Encyclopedia of Biodiversity (Second Edition). Waltham: Academic Press, 2013. p. 39–55.

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