Introdução

No Brasil Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. é conhecida popularmente como catinga-de-mulata e macassá, trata-se de uma planta aromática originária da África, bastante utilizada com fins medicinais, alimentícios e místicos. Devido ser usada em banhos e rituais de religiões de matrizes africanas a planta sofre preconceito por parte da população, e seus potenciais medicinais são ignorados por muitos. A macassá apresenta composição rica em linalol, 2-decen-5-olide e (E)β-farneseno; estudos apontam ação anticonvulsivante contra epilepsia, antibacterianas a exemplo contra bactéria Escherichia coli (gram negativa), Staphylococcus aureus (gram positiva) e antifúngica contra Candida albicans (FERREIRA e TAVARES MARTINS, 2017 apud. MAIA et al., 2002), a planta também é utilizada no tratamento de gripe, dores musculares, dor de cabeça, tonteira e erisipela (PEREIRA, 2017). O Espaço verde da Escola Estadual de Tempo Integral Professora Lecita Fonseca Ramos conta com vários exemplares de espécies de plantas alimentícias, medicinais e ornamentais. A catinga de mulata se tornou uma grande novidade na escola por apresentar um aroma marcante, mas como usufruir dos benefícios da planta e aliar ao conhecimento de Ciências da Natureza e Matemática com as atividades desenvolvidas na horta. Os discentes produziram hidrolato e essência de catinga de mulata no decorrer de um projeto do Programa Ciência na Escola da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas, após longas pesquisas foi pensado em uma finalidade educativa e comercial para planta, portanto o objetivo da pesquisa é desenvolver um hidratante da planta macassá, e pesquisar possíveis registros de patente do produto.

Métodos

As atividades experimentais iniciaram em julho de 2021, todas as etapas são processos contínuos, as produções de hidratantes iniciaram no mês de novembro e neste processo o uso de Equipamentos de Proteção Individual eram obrigatórios e conhecimentos básicos de Biossegurança. Propagação de Aeollanthus suaveollens Realizou-se a multiplicação da macassá por meio de estaquia, produzindo mudas em garrafas pets com substratos ideais para o seu desenvolvimento, após as mudas atingirem 10 cm foram transplantadas para canteiros expostos à sol pleno. Montagem do Destilador Utilizou-se material alternativo, panela de pressão, válvula schrader de 1/4, porca de ¼, tubo de cobre ¼, garrafão de água de 20 litros, torneira plástica, massa epóxi. Extração de Hidrolato e Essência O método de extração utilizado para o hidrolato foi a destilação por arraste à vapor, por meio de destilador de vidrarias e posteriormente através de destilador construído com materiais alternativos. A extração da essência se deu por meio de banho maria em vidros contendo álcool de cereais água mineral e galhos e folhas. Produção de Hidratante A pesquisa bibliográfica norteou o levantamento dos compostos adequados e acessíveis para produção do hidratante, portanto optou-se por utilizar a base croda, glicerina, metilparabeno, hidrolato e essência de macassá, todos misturados com auxílio de batedeira ou mixer. Coleta de dados Inicialmente a equipe do projeto era composta por 3 discentes por meio da aprendizagem em pares onde aluno ensino aluno, atualmente a equipe é composta por 10 discentes e 2 coordenadores (professores). Apresenta-se o produto a comunidade escolar e posteriormente ao público externo, realizando entrevistas e considerando as críticas construtivas quanto ao produto na busca de seu aperfeiçoamento. Pesquisa por patente Acessar ao site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) usar a ferramenta de busca e pesquisar por registro de patentes utilizando como palavra chave Catinga de mulata, Macassá e Aeollanthus suaveolens.

Dados

PRODUÇÃO DE HIDRATANTE DE MACASSÁ (AEOLLANTHUS SUAVEOLENS), UMA ATIVIDADE EMPREEENDEDORA E DE PRÁTICAS EXPERIMENTAIS


Temas

Atividades STEM Brasil, Saúde

Início do Projeto

02/2021 - 03/2021

Palavras-chave

Hidratante, Macassá, Essência, Empreendedorismo

Equipe Ciêntifica

Elias Valente Silva Filho (Coordenador da Equipe)
Aldenize Pinto De Melo Do Nascimento (Professor Colaborador)
Bartolomeu Mendes Guerreiro Junior (Aluno)
Kemely Araujo Pereira (Aluno)
Michele Sousa Da Silva (Aluno)

Escola

Escola Estadual de Tempo Integral Professora Lecita Fonseca Ramos, Manaus-AM

Resumo

A horta da Escola Estadual de Tempo Integral apresenta determinada quantidade de exemplares de PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) uma específica despertou o interesse da comunidade escolar, popularmente conhecida como catinga de mulata ou macassá, a espécie Aeollanthus suaveolens Mart. Ex Spreng tem aroma marcante, porém poucos tem conhecimento sobre suas finalidades, em geral relacionam ao banho de ervas. O objetivo principal da pesquisa é desenvolver um produto em laboratório escolar de ciências com potencial comercial, e aplicar a aprendizagem dos conteúdos de Ciências da Natureza e Matemática. O percurso metodológico consiste na propagação da planta, extração de hidrolato e essência, produção do hidratante, coletada de dados quanto a qualidade do produto e pesquisa por patente. Foram produzidos até o presente 80 hidratantes, a margem de lucro foi de 48%; no decorrer da pesquisa bibliográfica notou-se a carência de trabalhos nacionais realizados especificamente com A.suaveolens, as pesquisas que comprovam sua eficácia quanto a usos medicinais a maioria são artigos científicos estrangeiros, porém a planta é bastante cultivada no Brasil, não foram encontrados registros de patentes do produto no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Os discentes aplicaram o conhecimento obtido nas disciplinas de Ciências da Natureza e Matemática, despertaram habilidades empreendedoras, estão replicando e compartilhando desse conhecimento, a perspectiva futura é patentear o produto e manter o projeto fixo na escola pois trata-se de uma importante ferramenta de transformação social.

Resultados

No decorrer das aulas de laboratório os discentes realizaram prototipagem, exploraram os potenciais aromáticos da Aeollanthus suaveolens, analisaram os produtos finais (hidrolato, oleato e essência) calculando as proporções entre as substâncias utilizadas e a biomassa da planta readequando até chegarem ao êxito. Acessaram acervo escolar pesquisando por trabalhos desenvolvidos em Ciências da Natureza e Matemática, para reproduzir e readaptar o destilador montado com materiais alternativos (JACOOB et al. 2020), com intuito de atender a demanda na produção, inicialmente foi empregado o destilador de vidrarias. Estudaram sua composição bioquímica e tratos culturais através de artigos científicos, teses de mestrado e doutorado, notando que a produtividade está diretamente relacionada ao desenvolvimento do espécime; no decorrer do levantamento bibliográfico o foco principal eram os componentes do hidratante, logo todos foram selecionados visando minimizar quaisquer tipos de reações adversas no tecido cutâneo (COSTA, 2020; MIGOTO, 2018). De acordo com a Farmacopeia Brasileira hidratante são produtos para uso externo destinados à proteção ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo. O hidratante de macassá apresenta notas aromáticas suaves e levemente adocicada; o produto está passando por um período avaliativo e inicial de sua comercialização, a tabela 1. representa o lucro obtido a partir do início da produção. Após a pesquisa no site do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) sendo a última realizada no dia 22 de novembro de 2021, conclui-se que não há registro de patente deste produto.

Discussão dos Resultados

Os alunos aplicaram na prática a teoria aprendida em sala, como pressão, volume, densidade, transformação da matéria, morfologia e fisiologia vegetal, nomenclatura científica dos seres vivos, proporção e conceitos básicos de matemática financeira entre outros. Essa forma didática de trabalhar os conteúdos facilita a compreensão, traz a visão da utilidade teórica, uma vez que a testagem perpassa pelos erros e acertos. No experimento de destilação por arraste à vapor para produção de hidrolato, bem como na extração da essência houveram perdas de material vegetal, logo a equipe notou a necessidade de multiplicar a biomassa vegetal, produzindo mais mudas. A engenhosidade da equipe se aprimora a cada problemática que surge; as aulas experimentais eram planejadas em conjunto, por vezes surgiam adversidades e os discentes saiam da zona de conforto, a exemplo disto, às visitas inesperadas de alunos interessados; a equipe apresentava e demonstrava o trabalho, após um determinado período todos adquiriram habilidades práticas na resolução dos problemas.

Conclusões

As atividades de laboratório permitiram a abordagem de conteúdos relacionados a Ciências da Natureza e Matemática, bem como despertaram o empreendedorismo em todos os participantes do projeto. Os estudos e produtos produzidos a partir da Aeollanthus suaveolens, serviram para evidenciar os potenciais medicinais e comerciais da planta, passando aos discentes a percepção de como é desenvolver pesquisa e produzir ciência, e que há muito a se explora nos ramos da ciência. A perspectiva futura é patentear o produto em nome dos coordenadores os grandes idealizadores e tornar o projeto fixo na Escola e ainda mais empreendedor em nome dos discentes envolvidos em todo o projeto de pesquisa e pensando nos alunos ingressantes, servindo como ferramenta de transformação social, contudo para a concretização dessa perspectiva são necessários apoio de possíveis e futuros parceiros.

Referências

COSTA, Fernanda Borges Silva. A produção de velas, sabonetes e hidratantes para um ensino de química orgânica experimental e contextualizado. 2020. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Química) - Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020. Disponível em: . Acesso em: 20/08/2021. FERREIRA, Lanalice Rodrigues; TAVARES-MARTINS, Ana Cláudia. Química e etnofarmacologia de plantas místicas em uma comunidade amazônica. Revista Fitos, [S.l.], v. 10, n. 3, p. 307-328, fev. 2017. Disponível em:. Acessado em: 20/08/2021. JACOOB, E.O.H.; JUNIOR, P.G.C.V; SAMPAIO, V.L.M.; COSTA, G.C.C., FERNANDES, R.J.P. Aplicação de Metodologias Ativas para o ensino-aprendizagem de Física e Química com uso da perfumaria. In: Educadores pela Democratização dos Conhecimentos. “Didática no Século XXI”, Recife, v. I, 2020, p. 65 –79. Disponível em: . Acesso em: 18/07/2021. Lacerda Costa , A. P., Braz de Jesus, F., Santos Ornellas , R. M., & Marisco, G. (2021). Prospecção científica e tecnológica sobre o potencial de plantas com ação antibacteriana e antioxidante para o desenvolvimento de cosméticos. Textura, 14(2), 59-73. Disponível em: Acesso em: 12/09/2021. MARTINS. Rosany Lopes. Estudo químico e avaliação das atividades antioxidante, microbiológica, de citotoxicidade e inseticida do óleo essencial de aeollanthus suaveolens mart. ex spreng (lamiaceae). Universidade Federal do Amapá,Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Macapá, 2016. 72p. Disponível em: . Acesso em: 20/08/2021. MIGOTO, Jéssica Nataly. Produção de creme hidratante a partir de óleo essencial extraído do amendoim Arachis hypogaea L. 2018. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Química) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2018. Disponível em: . Acesso em: 20/08/2021. PEREIRA, M. G. S.; FERREIRA, M. C. Uso e diversidade de plantas medicinais em uma comunidade quilombola na Amazônia Oriental, Abaetetuba, Pará. Biota Amazônia, v. 7, n.3, p. 57-68, 2017. Disponível em: . Acesso em: 12/09/2021.

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