Introdução
O rio Paraibuna é o maior ecossistema aquático de Juiz de Fora. Ele foi rico em biodiversidade e importante no abastecimento de pescados, no transporte interno de materiais em barcas, além de ter sido fornecedor de alimentos e nutrientes para a fauna e flora que se desenvolveram ao longo de suas margens. Mas, com a dificuldade de se fazer um descarte apropriado do lixo proveniente das residências e a ineficácia no tratamento e no despejo adequado do esgoto, o rio gradativamente foi perdendo sua biosfera, em função do aumento no gradiente de eluentes tóxicos presentes em seu volume.
A sanitização e pureza das águas de um rio são um reflexo claro do nível de desenvolvimento da população que reside ao longo de suas margens. Cintes disso, os estudantes do 1° ano do Ensino Médio da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade, localizada no bairro Furtado de Menezes, questionaram a possibilidade de criar um dispositivo capaz de identificar a qualidade da água do rio Paraibuna, visando a possibilidade de utilizá-la na irrigação da horta da escola.
Mediante a esse questionamento, o professor de Física, Giovanni Romeu, colaborado pelos professores de Química, José Rafael, e Língua Portuguesa, Thaísa Hosken, em conjunto com os estudantes, se propôs à criação de um dispositivo viável em termos de custo benefício que pudesse ser empregado tanto para fins didáticos, como para a apuração da carga e gradiente elétrico da água do rio, em razão de seus contaminantes.
Inúmeras são as utilidades da aplicação do conceito de condutividade elétrica dentro de um ecossistema aquático, onde se pode aferir com precisão o nível de contaminantes presentes em determinado ambiente, sem que seja necessária a expressão do volume de água exato do meio em que se aplica o processo. Isso acontece porque águas poluídas apresentam um perfil de distribuição elétrica caracterizado por uma deficiência de capacidade de condução de corrente. Portanto, com o desenvolvimento desse dispositivo seria possível uma análise simples, realizada pelos estudantes, da qualidade da água do rio Paraibuna, retratada por sua capacidade de condutividade elétrica.
Métodos
Inicialmente foram analisados três tipos de água: Água deionizada (referência), água tratada da torneira e água do Paraibuna que não recebeu nenhum tipo de tratamento. Cada amostra de água foi estudada pelo sensor elétrico que media a condutividade de cada água. O sensor é constituído de um fino filme de alumínio de 120nm depositado a vácuo sobre um substrato de vidro, com um padrão do tipo “interdigitado”. A construção do sensor se deu em parceira com o Laboratório de Eletrônica Orgânica da Universidade Federal de Juiz de Fora.
O sensor foi acoplado junto a uma placa micro controladora (Arduino) com o auxílio de uma placa protoboard. O Arduíno recebeu um código elaborado com o auxílio do software Arduino IDE e para visualização e coleta de dados foi criado um programa auxiliar em Python. Todo conjunto de softwares recebeu o nome de “Na MIRA do Paraibuna”, uma referência a escola e ao título do projeto. O processo de medição da condutividade da água se dava pela aplicação de uma diferença de potencial no sensor e a leitura analógica em uma das portas do Arduino.
Para cada amostra de água foram coletadas cem medidas de condutividade elétrica, com o intervalo de um segundo entre as medidas. Os dados então passaram por tratamentos estatísticos para que pudesse ser calculado o valor médio e a barra de erro de cada conjunto de medidas. Destaca-se que o valor medido foi o valor da porta analógica, portanto foi adotado uma unidade arbitrária para análise da condutividade. Nessa unidade arbitrária, quanto maior a condutividade, maior o valor medido pela porta analógica.